Muitas mulheres têm medo de entrar em suas casas. Parece estranho, mas é real e muitas delas saberão, infelizmente muito bem. Medo de entrar nas suas casas e não saberem se existe neste dia paz interior. Muitas mulheres têm medo de entrar em casa e de saber que ela está "ocupada" pelo seu maior inimigo. Aquele que a intimida e, num sopro lhe promete juras de amor. Quando as coisas parecem estar novamente a correr dentro do que seria esperado, lá vem mais um "dia mau". Sim falo-vos de violência doméstica, aquela violência silenciosa que muitas mulheres, por muitas razões diferentes tendem a suportar. Porquê? porque são vitimas do seu próprio sofrimento, são prisioneiras do seu próprio medo. Vivem com o seu próprio inimigo em casa. Ele jura que foi a última vez e a mulher, porque o ama, porque se sente pressionada pela sociedade em que a mulher tem de aguentar tudo, a vergonha e a humilhação, acredita nele. Este é ainda, infelizmente, um crime dentro de quatro paredes. Para os vizinhos ele é uma pessoa simpática e que nunca arranjou problemas, para a mulher ele é o monstro que um dia amaram e que se transformou. Não num príncipe encantado, mas no sentido do medo em pessoa. As mulheres são vitimadas, sexualmente abusadas pelos seus maridos, companheiros...mas dentro da relação não existe sexo forçado como muitos tendem a pensar. Errado. Muitas mulheres tem medo de dizer "não", perdem a esperança na mudança, creem que a sua vida será sempre assim. Ao longo dos últimos anos tenho visto muitas mulheres batidas, humilhadas, mas também tenho tido o privilégio de trabalhar com estas e ver renascer uma nova alegria, como o desbrotar de uma flor num jardim depois de uma tempestade. Os filhos pedem "por favor mãe, mais não!" mas a mulher aguenta até ao último perdão. Não queriam esse destino e parece muitas vezes que o ciclo tende a ser vicioso. A literatura, chama a essa fase de "lua de mel", a fase em que o casal volta ao namoro e tudo parece maravilhoso. Dias mais tarde, a mulher é novamente sacrificada ao medo, pois o que tanto ele prometeu é em segundos esquecido, quando acusa a mulher de não lhe ligar e por isso a culpa é toda sua. Sem Medo de Entrar em Casa, parece um título bastante estranho para um texto, mas a verdade é que se encaixa em tantas mulheres que têm medo de entrar nas suas próprias casas. É interessante perceber como muitas destas mulheres foram e haverão de ser sempre capazes de dar a volta por cima. Mas isso só acontece quando conseguem finalmente lutar contra o medo de ser elas próprias e se conseguem libertar da dor, como algo a que chamo a paz interior e o sentimento de mais puro prazer de se ser livre. Livre para viver, livre para sorrir. Em 2016, segundo o Observatório de Mulheres Assassinadas, como em anos anteriores, observou-se uma continuidade para os crimes que ocorreram dentro da esfera pessoal e de intimidade, fruto de relações abusivas onde se incluí os ciúmes, a não aceitação da separação, chegando mesmo ao femicídio por compaixão. As consequências destes atos são nefastas para a saúde mental. Dentro das inúmeras alterações negativas, pode-se destacar: • Distúrbios cognitivos e de memória (e.g. flashback de ataques violentos, pensamentos e memórias intrusivas, dificuldades de concentração, confusão cognitiva) • Ansiedade • Sentimentos de medo, vergonha e culpa • Baixa auto-estima • Desânimo aprendido • Isolamento social • Pode ocorrer ideação suicida • Depressão Não sofra mais em silêncio. Procure ajuda, liberte-se do medo de entrar em casa e recomece a viver. Relembro que este é um flagelo da sociedade e que embora no texto me tenha centrado nas mulheres enquanto vítimas, os homens também por vezes o são, assim como os filhos. Esta é sem duvida uma problemática que afecta todas as esferas sociais. Filomena Conceição - Psicóloga e Formadora Se gostou deste artigo faça gosto e partilhe, faça a diferença na vida de alguém.
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Comercializa-se a ilusão do amor e esquecemo-nos da nossa capacidade de Ser Compaixão. O poder do amor é o poder do desapego, de que quem tudo perde tudo ganha, porque nada na vida é permanente. Ser compaixão é simplesmente ter a capacidade de abertura em compartilhar um sentimento com o outro e para isso é preciso termos a coragem de nos desidentificar-mos e ficarmos apenas presentes no poder da generosidade. Esta atitude mental em relação a todos os seres assenta nos pilares onde o amor surge como o principio da reconciliação, através de uma aceitação completa e total. Mas porque não nos desapegamos? Mas porque não nos desidentificamos? Apenas na transcendência da dor podemos dar espaço para que o amor e a verdadeira compaixão possam surgir. Apegamo-nos a um falso eu para evitarmos sentir a dor. Identificamo-nos com esse falso eu, porque temos mais medo da nossa luz do que da nossa própria escuridão. Temos medo de viver a realidade e assim de vivermos em verdade connosco e com o mundo. Iludimo-nos acreditando que somos apenas aquilo que parecemos Ser. Temos medo de sofrer e que a onda do sofrimento não tenha fim. Esquecemo-nos que na raiz de tudo existe o Amor e com ele a capacidade de lidarmos com essa dor e assim Ser Compaixão. Maria Melo - Life Coach e Professora de Meditação Se gostou deste artigo faça gosto e partilhe, faça a diferença na vida de alguém. |
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