Um dos mais profundos e reflexivos momentos da Vida é o procurar saber onde habitamos: que Corpo é este onde habita aquilo que digo ser Eu e que Casa é esta que, muitas vezes, Eu nem conheço. E isto acontece por ser difícil conectar-nos com aquilo que acreditamos ser a nossa Verdade, o nosso poder de Reconhecer e de Empatizar connosco próprios. Assim, com o auxílio das chamadas terapias complementares, veio enaltecer-se um olhar sobre o sintoma da doença como uma consequência e não como uma causa, uma resposta física para os nossos desafios interiores, identificando a importância de ir além do visível — aquilo que comummente consideramos como verdadeiro. A Natureza mostra-nos a Verdade subjetiva dentro da verdade visível: aquilo que somos ultrapassa a Mente e, a energia conectada à Mãe faz-nos resgatar aquilo que é nosso naturalmente. Obriga-nos a olhar para nós como seres tão mutáveis como as próprias plantas, com os mares e como os planetas. Por outras palavras, somos uma unidade composta por elementos naturais que regem os 4 reinos da natureza. Quando Aristóteles traz para a mesa os princípios metafísicos do “todo o ser maior que a soma das partes”, teoricamente estaríamos longe daquilo a que hoje aplicamos nas terapias holísticas. No entanto, também ele falava do conceito das diferentes almas e, como estas podiam ser trabalhadas num sentido curativo do Homem, que embora diferenciado do reino vegetal, era indissociável deste pela existência dos 4 elementos principais de criação da matéria: Fogo, Água, Terra e Ar. Daqui surgiriam os princípios básicos e fundamentais da Alquimia, a grande ciência mística de onde se podem tirar os ensinamentos de aplicabilidade da vida prática. Mas para falarmos de Alquimia como Processo teríamos de passar por tudo aquilo que são as operações alquímicas, pelas buscas de transmutação dos materiais, a manipulação das plantas e dos elementos químicos e físicos. Isso leva o tempo de uma Vida e os conhecimentos de ancestrais que só alguns possuem. Extraindo dos seus ensinamentos a presença dos 4 elementos no corpo físico torna-se imperativo olhar para o reino vegetal como um meio de cura, focando as suas propriedades tão similares ao que incorporamos. Da mesma forma que, no corpo humano, a Terra rege o que é físico e rígido, na planta rege o seu caule. Se no Homem o Fogo rege o que é movimento e iniciativa, na planta ele é a raiz, aquilo que rompe. Para o Homem a Água alimenta a fluidez emocional do seu corpo, para a planta o mesmo elemento faz gerar frutos. E o Ar, que exerce a função de regência da mente e do equilíbrio para o Ser Humano, é o mesmo elemento que dá à planta as folhas e as flores, símbolos da quietude e da preparação. Do ponto de vista quântico todos os corpos existentes estão interligados energeticamente por condutores invisíveis, mas percetíveis ao nível sensorial, o que nos direciona para os conceitos holísticos e sistémicos de pensamento que incitam a olhar para a não casualidade dos eventos do Universo, sejam eles na Natureza, entre esta e o Homem ou simplesmente nas relações humanas. É preciso mais do que as evidências da matéria física, é preciso ir além do óbvio, é preciso resgatar o que é invisível, mas, sempre, indivisível. E assim quando, no século XX, A. Maslow inicia o desenvolvimento do que hoje é a Psicologia Transpessoal, houve um retomar àquilo que já se falava como um princípio de Unidade: o corpo físico e a corpo subtil são pertenças da mesma esfera. A Terapia Transpessoal convida-nos a ver o lado integrativo da realidade. Compreender as perceções geradas no indivíduo, provenientes ainda de estados de consciência de uma terceira dimensão, passando para uma visão mais ampla e transcendente. Convida essencialmente ao tema da Totalidade, olhando para o Homem como o Todo (holos) e não apenas como a parte. Faz compreender que a dualidade entre a vida e a morte é uma perceção, que o corpo físico e etéreo podem ser o mesmo corpo, que a noção de tempo e de espaço são também uma visão percecionada e que transpô-la é possível. É enaltecer a relação quântica que existe entre o Ser Humano todas as suas componentes energéticas, sabendo de antemão que transcender a Consciência integra sempre o misticismo e a espiritualidade. Ao trabalhar esta arte terapêutica de um ponto de visto alquímico cria-se a oportunidade de ir à Consciência através do contacto com a Natureza, com recurso ao herbalismo, aos rituais ancestrais, às ferramentas criativas que próprio corpo (em todas as suas formas) nos pede. Conhecer a nossa Casa é procurar, em humildade, o ponto que liga o corpo físico, a mente, as emoções e a alma ao Todo, à energia da vida selvagem das plantas, dos animais, da Terra e do Universo em si. Carolina Carvalho - Terapeuta Transpessoal e Herbalista Se gostou deste artigo faça gosto e partilhe, faça a diferença na vida de alguém.
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