A psicogerontologia é a área da psicologia que se dedica a compreender os mecanismos psicológicos do envelhecimento, a desenvolver competências de relacionamento e a acompanhar a pessoa idosa nas suas várias dimensões, promovendo um envelhecimento activo e saudável, num processo de adaptação a esta fase de vida que previna o isolamento a exclusão. O envelhecimento é um processo normal, universal, gradual e irreversível que envolve transformações ao nível biológico, psicológico e social. Sabemos que o declínio e a morte são inevitáveis e que há fatores de predisposição genética que podem conduzir a demências mais ou menos precoces, mas lutar e resistir é possível, bem como aprender a aceitar as perdas inerentes ao processo de envelhecimento. Em determinadas situações, e em idades mais avançadas, a acumulação de limitações físicas e cognitivas diminui substancialmente a eficácia de estratégias compensatórias. Contudo as intervenções dirigidas a, pelo menos, uma limitação, ou tendo em vista o impedimento da acumulação de fatores de risco, podem reduzir a velocidade do processo e o risco de institucionalização. Convém recordar que o ser humano é extremamente adaptável e que se essa adaptabilidade não lhe for solicitada, atrofia. “A função faz o órgão.” “Usa-se ou perde-se.” Assim, o melhor exercício é o da própria atividade cerebral, numa visão de que “a ampla utilização garante ampla funcionalidade”. Isto não significa que os meros exercícios de estimulação cognitiva, à semelhança dos exercícios físicos localizados, conduzam a essa ampla funcionalidade, uma vez que exercícios específicos para áreas isoladas, dificilmente podem ser transferidos para outras, pelo que será a diversidade da estimulação que ajudará a plasticidade neuronal. Numa fase precoce da velhice, e em situações em que esta ainda não se faz acompanhar de dependência e em que a escolha autónoma é possível, o acompanhamento psicológico é de grande mais-valia. É um processo que facilita a atribuição de novos significados e que pode conduzir a novos esquemas e a processos de assimilação e acomodação mais adaptativos, promovendo assim, novas representações internas que ajudam a uma melhor aceitação da realidade presente e, ao mesmo tempo, favorecem a emergência de novas redes de conexões neuronais. Todos estes processos podem desempenhar um papel importante na melhoria e/ou manutenção de bem-estar, através de uma maior pacificação consigo e com os outros. Certo é, que a investigação tem mostrado que se envelhece e morre melhor quando se vive melhor. Ao longo das nossas vidas vamos tentando encontrar sentido em tudo o que fazemos e em tudo o que nos acontece. Chegados a uma idade avançada, esta ideia de relembrar o passado para melhor podermos viver, compreender e aceitar o presente torna-se, cada vez mais, uma forma de estarmos bem connosco e com os que nos rodeiam. Recordar, passear, conversar, pensar, escrever, partilhar, usufruir, colaborar, repousar, ouvir música, ver, olhar… Algo que nos dê prazer, que nos faça sentir bem e tranquilos, é saber aproveitar o nosso bem-estar por cá. Cristina Marreiros da Cunha - Psicóloga e Psicoterapeuta (especialista em psicogerontologia) Se gostou deste artigo faça gosto e partilhe, faça a diferença na vida de alguém.
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